A tralha certa para a pesca de praia

03/04/2018 21:48

 

Vara

Fabricadas em fibra de vidro, carbono composto ou high-carbon, podem ser telescópicas ou divididas em partes. As mais avançadas são construídas com fibras de alto módulo de carbono (SHVF), resultando num blank (corpo) fino e leve, mas com grande resistência e poder de arremesso (ou casting). O comprimento pode variar de 2,7 a 4,5 metros, dependendo da opção de pesca e do biotipo de cada pescador. Entre os diversos tipos de varas usadas na modalidade, podemos destacar as seguintes:

– “Marisqueiras”: com 2,7 a 3,6 metros, são direcionadas para pesca leve, atrás de peixes como pequenos pampos e farnangaios. O apelido “marisqueira” vem do fato de que, além de propiciar diversão, o conjunto é um bom aliado na pesca de pequenos peixes usados como iscas vivas.

– Para pesca média/pesada: devido à evolução das fibras de alto módulo de carbono, a distinção entre materiais para pesca média ou pesada está diminuindo, uma vez que as varas são projetadas tendo-se em vista principalmente seu casting. Assim, canas de médio e longo alcance estão cada vez mais próximas em seus projetos, com variação bem menor em espessura de parede e ponteira. Essa tecnologia também se estende aos passadores, fabricados em ligas levíssimas e resistentes como óxido de alumínio, alconite, SIC (liga especial de sílica e carbono) e titânio. Os dois últimos materiais são usados em conceitos de montagem modernos como o Low Rider e KW Concept. Ambos contribuem para a máxima saída de linha sem gerar grandes espirais, diminuindo o atrito com os passadores e proporcionando maior alcance nos arremessos.

 

::É bom saber::

Reel seat: é o ponto de encaixe/fixação dos molinetes e carretilhas. Basicamente há dois tipos, o de rosca e o de engate rápido, chamado de “jacaré”.

Ponteira híbrida: ponteira mais fina, porém maciça, que proporciona ganho de sensibilidade da vara.

Casting: poder de arremesso da vara considerando o peso da chumbada, sua descrição vem marcada próximo ao cabo (por exemplo, 90-250 g).

 

 

Os molinetes de praia

Eles também ganharam em modernidade, sendo construídos em compostos de grafite, metal royal (liga de alumínio), inox e ligas de bronze e titânio. Os “tops” da modalidade empregam ligas de magnésio com tratamento químico contra oxidação. Há também o CI4 “Carbon Interfusion”, uma fibra reforçada de carbono que permite o desenvolvimento de partes do corpo do molinete super leves e resistentes, com grande ganho em leveza e proteção contra corrosão. Some-se a isso os carretéis com formato cônico, tipo long cast, e o resultado será um conjunto equilibrado e com a máxima facilidade na saída de linha. Outros pontos importantes característicos dos molinetes são:

– Rolamentos: colaboram principalmente para a maciez e conforto nos recolhimentos. No arremesso não têm importância; diferentemente das carretilhas, o carretel não se move durante os lançamentos. Normalmente, estão presentes em quantidade que varia de oito a treze.

– Fricção ou dragé fundamental que o sistema de frio tenha ajuste de ponto bem preciso e resistência condizente com a estampada na caixa. Os mais modernos e fortes têm poder de frenagem que varia de 12 a aproximadamente 20 quilos.

– Tamanho: apesar de a nomenclatura poder variar de acordo com o fabricante, em geral indica-se numeração 500 ou 1 000 para pesca leve, 2 000 a 4 000 para pesca média e 5 000 a 7 000 para pesca pesada.

 

::É bom saber::

Quick Drag (QD): ajuste rápido de freio, no qual, a pressão pode ser aliviada ou apertada com um simples movimento.

Pick-up: é o aro do molinete levantado antes do arremesso.

Line roller ou rolete: ponto por onde a linha passa gerando maior atrito, no extremo do aro. Deve sempre limpo e, se possível, lubrificado, para que não haja resíduos que danifiquem a linha e para que não ocorra sua torção durante o recolhimento.

 

Carretilhas

Elas estão cada vez mais presentes nas pescarias de beira de praia. Qualquer que seja o modelo escolhido, é importante possuir resistência à maresia e um bom sistema de rolamentos, para permitir arremessos suaves e de grande distância. Carretilhas rápidas, com alta razão de recolhimento, ajudam no ganho de tempo entre um arremesso e outro. É preciso adaptar a vara usando passadores mais baixos e aumentando sua quantidade para que a linha não toque ou ultrapasse o blank quando a vara estiver envergada. Há pescadores experientes que retiram o devanador (distribuidor de linha) para facilitar ainda mais a saída de linha nos arremessos.

 

A escolha da linha

O tradicional monofilamento de náilon ainda é, de longe, o mais utilizado na modalidade. Sua espessura pode variar entre 0,14 e 0,30 mm, mas observa-se uma grande tendência no uso de linhas entre 0,18 e 0,23 mm. Algumas possuem tratamento UV (ultravioleta), evitando desgaste e conferindo-lhes maior durabilidade. Mas há outros materiais:

– Fluorcarbono: muito usado principalmente na confecção de chicotes para iscas naturais e líderes para iscas artificiais. Sua utilização como linha principal é possível nas variações mais macias e próprias para arremessos.

– Multifilamento: nova tendência da modalidade, oferece alta resistência com menor espessura, memória quase nula e uma sensibilidade sem igual. Na praia, as espessuras costumam variar entre 0,08 e 0,17 mm.

– Nanofil: surgido recentemente, o material resulta da fusão de centenas de nanofilamentos Dyneema (também presente em linhas de multifilamento), propiciando força com um diâmetro surpreendentemente fino: uma linha de 6 libras (2,72 kg), por exemplo, tem espessura de apenas 0,127 mm.

 

::É bom saber::

Fluorocoating: é a linha de monofilamento com uma cobertura de fluorcarbono, deixando-a mais resistente e com maior sensibilidade às fisgadas.

“Cama” ou “fundo”: quantidade de linha de bitola mais grossa usada para preencher o fundo do carretel antes de adicionar a linha principal.

Arranque cônico: é a linha emendada à principal, começando numa bitola mais grossa e afinando em direção à ponta (de 0,57 para 0,20 mm, por exemplo). É importante para dar maior segurança nos arremessos e retirada dos peixes da água.

Texto de Marcelo Esteve

Fonte: Revista Pesca Esportiva